David Lynch e Freud — um olhar para dentro do Inconsciente
Uma singela homenagem ao cineasta genial
David Lynch, que faleceu recentemente, era conhecido por seus filmes surrealistas e atmosféricos. Ele e Sigmund Freud, o pai da psicanálise, podem parecer figuras distantes em um primeiro momento. No entanto, a obra de Lynch, com suas paisagens oníricas e personagens enigmáticos, revela uma profunda afinidade com as teorias freudianas sobre o inconsciente e muita simbolização e novas linguagens.
Tanto Freud quanto Lynch exploraram a fronteira tênue entre o sonho e a realidade. Entre o tempo cronológico e o tempo nada claro do Inconsciente. Nos filmes de Lynch, o onírico se mistura com o cotidiano, criando atmosferas inquietantes e convidando o espectador a mergulhar em um submundo psicológico sem sentido aparente. Ambos utilizavam símbolos, metáforas e metonímias para expressar o profundo Id. Em Mulholland Drive, por exemplo, a famosa cena da mulher de cabelos azuis é um exemplo claro de um símbolo carregado de significado, remetendo a desejos reprimidos e traumas não elaborados! Llorando…
A angústia, presente em muitas obras de Lynch, é um tema central na psicanálise! Lacan Redivivus! Freud a associava aos conflitos internos, à repressão de desejos e claro... À sexualidade reprimida em muitos aspectos. Ambos buscavam explorar o que se passa na mente humana, revelando nossos abismos imaginários e difíceis de simbolizar. Tanto Lynch quanto Freud questionavam a natureza da realidade, sugerindo que o que vemos é apenas a ponta do iceberg. E é mesmo!
O absurdo, o imponderável, o assustador, o das Unheimliche presente em muitas obras de Lynch, é um elemento que também fascinava Freud, que o via novamente como uma manifestação nada singular do tal Inconsciente... Ahhhh esse Inconsciente...
Lembre-se caro leitor…
“Entre o tempo cronológico e o tempo nada claro do Inconsciente, escutamos do paciente o tempo nada, nada cronológico do Inconsciente… Kairós.”
Silencio…
Excelente texto!