Nada foi anotado. Pensamentos, frases impactantes ditas na sessão, gestos, momentos, descrições e dúvidas ficaram gravadas na memória para o desenvolvimento deste documento autorizado pela analisanda para publicação. Muitas falas da livre-associação de minha paciente estão registradas próximas do vívido e ilustrado relato no consultório. E então… Assim como Freud… penso que…
“[…] a publicação das histórias clínicas me coloca graves dificuldades, em parte de ordem técnica, e em parte derivadas de suas mesmas circunstâncias intrínsecas. Se for verdade que a causação das enfermidades histéricas reside nas intimidades da vida psico-sexual dos doentes e que que os sintomas histéricos são a expressão de seus mais secretos desejos recalcados, o esclarecimento de um caso de histeria não poderá menos do que descobrir tais intimidades e revelar tais segredos.”
A entrevista inicial
“Dora 2.0” chega por indicação. Uma grande amiga trabalha no RH de uma importadora e fabricante de brinquedos. Sabendo que sou praticante da Psicanálise me avisou que uma funcionária desejava sessões para resolver questões pessoais “assustadoras”. Existia um pequeno impasse: o horário! O trânsito de São Paulo se demontrava impraticável em 2017 e duas psicanalistas anteriores já solicitaram pagamentos de sessões nas quais “Dora 2.0” não pôde aparecer. Isso gerou resistências, bate-bocas via whatsapp e o abandono das sessões. “Dora 2.0” se anima ao saber da possibilidade de atendimento em Cotia, na Granja Vianna aos fins-de-semana. Acha confortável, inclusive acha interessante o consultório ser tão próximo da casa em que mora com os pais. Apenas um único problema de gênero é capaz de aniquilar as sessões comigo: ela deseja uma psicanalista! Dois meses depois de receber meu cartão, finalmente me contata e combinamos a entrevista preliminar para delinearmos os processos de trabalho, valores, possíveis faltas, obrigações virtuais entre outros itens. Ela já me avisa — “Olha… acho que não vou gostar, sabe, prefiro mulher… mulher entende outra mulher… acho que vai dar tudo errado, mas vou pois acho legal sua iniciativa de atender nos fins-de-semana e quero conhecê-lo.”
Ela compareceu num sábado de muito sol de abril. Uma mulher de aproximadamente 40 anos, alta, elegante e muito bem-vestida. Perfume forte, maquiagem exagerada para tarde e de fala rápida. Observadora, olha para cada detalhe da iluminada sala de espera e exclama — “Opa, gostei! Bonito aqui, um pouco zen pro meu gosto mas… vamos sim conversar, onde é o divã?”. Eu dou um sorriso e explico que a sala tem um grande sofa de 3 lugares adaptado como divã (joguei um tapete persa sobre o sofa, exatamente como Freud fazia em seu divã em Maresfield Park). Disse-lhe que primeiramente iriámos conversar sobre as sessões. Tudo correu bem, ela aceitou o valor proposto por mim e fechou o horário de sábado sob protesto, re-afirmando que eu era homem, e isso para ela era ruim. Cruzava e descruzava as pernas como se estivesse numa sessão de fotos. Arrumava e desarrumava os cabelos, linguagem corporal sedutora.
As sessões: da anamnese aos fatores predisponentes e precipitativos de uma caso de histeria
Não achei que a analisanda viria. Mas veio e atualmente, 2021, não tem mais frequentado o consultório. Mora fora do Brasil. Não se adaptou ao online. Mantemos contato. Obviamente a escolha do título “Dora 2.0” é quase a descoberta de um “brinquedo do Kinder-Ovo” antes de se comer o chocolate caro leitor. Óbviamente quero de alguma forma deixar registrado quase que em sua totalidade “psi-literária” um caso que me despertou interesse. Dora em Freud foi um caso de grande aprendizado para Sig, assim como “Dora 2.0” foi um grande percurso no desenvolvimento de minha escuta. Cometi erros, mas sinto que “me” possibilitei na atmosfera terapêutica acertos ampliando estudos e leituras, mergulhado na supervisão. Nossos contatos foram sempre profundos e a analisanda percebeu que já tinhamos estabelecido uma respeitável aliança terapêutica, que honestamente pareceu-me difícil nas primeiras sessões. Escolheu aos sábados “falar de amor” e aos domingos “falar sobre trabalho”. Ficamos apenas com as sessões de sábado e como ela dizia — “no fundo, está tudo junto e misturado, vamos nos vendo só aos sábados?”.
Solteira, filha de família italo-germânica de Santa Catarina, seu pai se estabeleceu em São Paulo no ano de 1964. Empresário bem-sucedido do ramo de eletro-eletrônicos, casado com uma mulher que só aparece nas sessões como “a grande tonta”, Dora 2.0 estudou nas melhores escolas e fez cursos interessantes. Nunca apresentou problemas nos estudos a não ser nos esportes. Era péssima em Educação Física mas se deu muito bem em Artes. Desenhava roupas femininas para as amigas e demonstrava grande interesse por moda. Comentou numa sessão que gastava muito na banca de jornais da Rua Colômbia com Groenlândia e lá adquiria 20 revistas internacionais de moda por mês — “dava pra comprar uma jóia a cada 30 dias na H.Stern com o que gastava em revistas… palavras do meu pai!”, disse-me uma vez! Já aos quinze anos, frequentava com a família colunas sociais paulistanas e “não como coadjuvante de nenhum evento” como sempre gostou de frisar. Nas fotos, mencionou estar sempre ao lado do pai, que ela chama de “O CARA ”.
Para encurtarmos o texto, ela trouxe uma queixa para a análise. Uma queixa que me remeteu à Dora, ou Ida Bauer em Freud, pelo sintoma. Todas as noites de domingo, Dora 2.0 ficava sem ar, angustiada, desesperada pois sabia que deveria acordar na segunda e trabalhar. Incluindo dificuldade para engolir saliva, engasgando ligeiramente e com incomum rouquidão. Não era Ida Bauer que tossia e reclamava certa afonia? Ela disse já em nosso primeiro encontro — “eu odeio tanto meu trabalho, odeio minha equipe de homens babacas, inúteis e sem ação… sei que ficarei horas no trânsito para ficar corrigindo trabalhos dos outros… acho que vou demitir todos, minha vontade é de largar tudo mas… não dá!”. A nominação na linguagem do ódio ao trabalho vem carregada de desobjetivização, pulsão de morte onde o investimento objetal no trabalho parece despencar. Percebia-se na fala, nos gestos, numa agitação corporal incomum com punhos cerrados, movimentos bruscos de golpes ao nada, como se desejasse acertar alguém com um soco. Uma atitude gestual quase de combate! Percebi um ego masoquista à minha frente. E claro constatei um super eu sádico… mas era um pouco cedo para se delinear pensamentos analíticos ou interpretativos! Eu deixava ela falar… e falar…
Ela descreveu nas sessões iniciais as rotinas de trabalho às quais submetia à equipe, justificando sue postura gerencial como uma punição pela incompetência do dia-a-dia de cada funcionário ou “lixonário” (como adorava frisar). Ela encontrou essa equipe pronta e foi aconselhada a treiná-los para o melhor por Frau K, que era diretora executiva da empresa de brinquedos de Herr K. Dora 2.0 sempre demonstrou em sua fala agitada, ansiosa, intensa uma propensão ao drama teatral. Parece-me até hoje que alguns momentos eram ensaiados e consigo ver frequentemente a materialização na clínica do conceito da “labilidade histérica do afeto”, quando percebo nitidamente na transferência a “montanha-russa” dos sentimentos, das opiniões ambivalentes, mudanças de ideia e até de direção na livre-associação. Dora 2.0 foi uma única vez ao divã mas reclamou desconforto e preferiu me olhar diretamente a me perder de vista.
Os Ks
Herr K casou-se com Frau K, a “prima muito próxima e querida” paulistana de “O CARA” em 1970. Fundaram uma importadora de peças automotivas para carros de luxo e logo após viagens de turismo para a China criaram uma importadora de brinquedos que transformou-se numa pequena indústria de apetrechos e bugigangas para a “garotada radical brasileira”. Já tiveram um fábrica em Shenzhen, na China, com um empresário português residente em Macau que passou todos para trás deixando os Ks com um gigantesco prejuízo e consequente queda patrimonial! O casal K atualmente mora no litoral e vem poucas vezes para São Paulo. Existe um CEO na empresa agora. Dora 2.0 tem até hoje grande admiração por Frau K, e algumas vezes dizia-se agradecida a Frau K pela oportunidade de trabalho que “nada tem a ver com ela… mas o salário é muito bom”. Dizia com frequência que — “a gata Frau K dá de mil a zero na mãe”, e que aprendeu a ser mulher forte com ela, “e somente com ela!”. Também já me relatou mais de uma vez — “Queria ser como ela, gigante, segura, dinâmica… empoderada, adoro isso, acho que já sou né?”.
Frau K não desejava mais viajar duas vezes por ano para as feiras de brinquedos chinesas e contratou D2 (Dora 2.0 à partir de agora) para realizar as visitas, pesquisas e sondagens de tendências de mercado. D2 em mais de uma sessão já repetiu que odiava passar 30 horas voando e fazer escala em Dubai, Abu Dhabi ou em Adis Ababa (onde relatou ter sido muito fotografada por etíopes “sem noção” no aeroporto). D2 têm alguns preconceitos, é racista, xenófoba, aporofóbica e algumas vezes me contou ter desrespeitado outros funcionário da empresa que realizavam serviços mais humildes e sentiu-se bem em vê-los em humilhante subserviência! D2 sadicamente passou uma certa viagem de outubro de 2017 para um funcionário que já disse ter medo de voar. Herr K vive aparentemente bem com Frau K, viajavam duas ou três vezes por ano para Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde o casal têm um apartamento no SOHO e amigos importantes. Herr K acha D2 uma “garota linda” e muitas vezes envia “memes” de tom sexualmente explícito para o whatsapp de D2. Ela já reclamou para Frau K sobre isso. Frau K desprezou sempre essa queixa pessoal rindo da situação e exclamando ser “palhaçada de meninão-marido” e que sabia que no fundo, D2 gostava. Furei o discurso perguntando-lhe se não seria melhor solicitar a Herr K que parasse de enviar os memes ou bloqueá-lo de uma vez. D2 respirou profundamente e me respondeu que “não, acho as fotos de homens sexy até legais, o bloqueio geraria tretas familiares e Herr K e ‘O CARA’ são grandes amigos de golf, pescarias e festinhas”. Fiquei surpreso com a resposta mas não demonstrei nenhum tipo de emoção… a não ser o meu “hummm”!
Frau K e Herr K perderam o filho único Kazão, em 2001. D2 sempre contou o quanto Kazão era bonito e genial. Kazão era surfista, muito estudioso e cheio de planos — dentre eles ganhar muito dinheiro e abrir com amigos um megaresort na Tailândia depois dos 50 anos de idade. Um plano que D2 se colocava como coadjuvante pois implicava-se numa espécie de agente auxiliadora do empreendimento. Kazão foi uma paixão juvenil de D2. Ela contava muitas memórias ligadas às primeiras experiências sexuais com o primo de segundo-grau. O primeiro beijo também foi com Kazão assim como a “primeira felação”. Diz a analisanda que melhor que “O CARA”, só existiu Kazão, que inclusive trabalhou em Nova Iorque na empresa Cantor Fitzgerald e conseguiu isso por conta própria. Mais tarde em outra sessão, a vida professional de Kazão aparece carregada de novidades e informações contraditórias, por exemplo, o fato de Herr K ser amigo de um “figurão” da tal empresa norte-americana, o que facilitou a contratação e moradia de Kazão no apartamento da família no SOHO desde 1999 ou ainda brincadeiras sobre “burradas” do não tão inteligente Kazão. Disse-me numa sessão que Kazão “às vezes era mais burro que uma porta e o cérebro estava no membro sexual, que era grande, um traço dos machos da família sabe?”. D2 adorava falar sobre sexo comigo. Diz que algo aconteceu nas primeiras sessões que a deixava à vontade e lançava uma provocação — “Fábio, você tem cara de tiozão… sinto que posso falar qualquer merda pra você… sabe que prefiro te ver quando está carecão, é sexy viu?... Você parece um monge budista também! Já pensou em deixar a barba crescer?”. Sempre devolvia um sorriso e meu habitual “hummm”. Essa proximidade de ilustração sexual é interessante, pois quando apareciam nas sessões, vinham carregadas de outros elementos tais como controle excessivo, manipulação, jogo de poder e humilhação de Kazão. D2 colocava-se em posição masculina e canibalesca, extremamente ativa e apresentando um autoestima derivada, onde nestes acting-outs sexuais ela quase que incorporava a força masculina de Kazão para depois ejetá-lo de sua vida.
Repetição sádica no trabalho
D2 repetia as mesmas vinhetas de episódios sádicos no trabalho com alta frequência. Numa das sessões iniciais veio com a frase — “tudo que eu quero eu consigo, se eu não consigo é porque eu não quero mais… li por aê… adoro. Vou fazer uma tatuagem sobre isso mas, não… stop… tenho medo de pegar hepatite C no tatuador”. Falar “stop” era comum quando ela estava um pouco mais agitada nas sessões. D2 continuva reclamando da angústia de domingo à noite, falta de ar, ligada à ansiedade de ir para o trabalho na segunda. “Isso já faz um tempo e me incomoda muito…”! Pergunto-lhe desde quando isso está acontecendo, quando as crises de falta de ar e a tal coceira na garganta começaram… fico sem resposta… siliêncio no ar.
Era muito comum nas sessões iniciais praguejar contra companheiros de sua equipe e contar-me com detalhes minuciosos típicos de uma neurótica como a semana no trabalho foi desgastante. Contou da garota obesa que demitiu, porque usava o mesmo perfume que ela e não queria a tal “empadinha por perto” (empadinha é o apelido que ela criou para descrever a moça que é baixinha e sempre se veste de roupas claras coladas no corpo acentuando os tais pneus). Relatava frequentemente casos de intolerância com outro funcionário recém-casado com trigêmeos em casa que geralmente estava com sono durante o expediente e a incomodava. D2 criava aleatoriamente mudanças de prazos de relatórios para todos, pedidos de pré-testes de materias-primas para a empresa chinesa fabricante de componentes de brinquedos para um funcionário que não falava inglês entre outros chistes e provocações capazes de levar a equipe ao desespero, do individual ao coletivo. Lí uma observação num livro de psicanálise onde Elizabeth Zetzel (1968) mostra o que vem a ser uma ‘histérica raiz’: “Quando ela era boa, ela era muito, muito boa, mas quando ela era má, ela era horrível”. D2 reclamava com frequência — “sinto que dou odiada… mas quem não é? Que se danem, bando de burros!”. As sessões com ela duravam uma hora. E geralmente eram repletas de relatos de assédio moral, impaciência, julgamentos e implicâncias e bullying! Recorte muito colorido e vivo de uma chefe, caracterizada por meu supervisor com Transtorno de Personalidade Borderline… mas não concordava com essa hipótese… O RH da empresa já recebeu várias reclamações mas diante da conexão familiar entre Frau K e D2, e incluindo algumas reuniões de “acariação” propostas pelo gerente de Recurso Humanos, D2 “saiu-se bem da situação” solicitando terapia — de TCC à coaching — chegado finalmente à decisão por Psicanálise. Numa das últimas sessões sobre trabalho lembro-me que incomodei D2 com a pergunta — “Mas a empresa te pede tudo isso mesmo, ou seja, a empresa te encarrega de tanto perfecionismo e vigilância com sua equipe?”. Foi o primeiro momento nas sessões que deixei D2 em silêncio e pensativa.
Sob a poeira das torres, uma garota sozinha…
D2 contou — logo após a sessão que terminou em silêncio — elementos bem conectados, com “boa edição cronológica”, de cenas fantásmicas pertencentes a um trauma surpreendente. Ela entra em análise quando revela a passagem a seguir? Ela entra em análise quando deixa de comentar sobre o trabalho? Seria o trabalho a repetição de uma lembrança encobridora? Ou fuga de algo perturbador relacionado ao trabalho?... vamos lá!
Em 2001, decidiu ingressar na Parson’s School of Design, particularmente na School of Fashion para perseguir a carreira em moda que já desejava faz tempo. “O CARA” se esforçou para proporcionar isso para a filha pois 2001 foi um ano “esquisito financeiramente”. “É um curso muito caro!” — afirmou D2. Iniciou-se em agosto do mesmo ano e D2 investe muita energia em fantasias eróticas na possibilidade de romance com Kazão. “Ahhh, chegar em NY e morar com Kazão… eu e ele só naquele romance num cenário de filme!”. Uma adolescente. Os pais de D2 acordam previamente com a família K que Dora 2.0 vai residir no apartamento do SOHO, onde descreveu, morava “muito bem instalado” o primo que trabalhava na cidade. Havia um quarto disponível no loft de 2 quartos e nada melhor do que uma garota de 19 anos estar sob a tutela do primo supostamente responsável – “sqn” (só que não, como ela frisava). Logo ao chegar em Nova Iorque, D2 reclamou da falta de receptividade e frieza de Kazão, que já estava “saindo” com uma garota colombiana que inclusive dormia no apartamento com fequência. Kazão explica que a vida segue de outras formas e que D2 não deixaria de arranjar “um cara bonitão” em breve, afinal ela era “a very hot girl”. Ela descreveu que Kazão tinha ganhado peso, mas ainda era um cara bonito e usava barba cerrada. A barba era um fetiche dela, uma fixação de característica masculina assim como o membro sexual! Nessa sessão, lembro-me que ela deslocou-se da posição adulta para a infantil, e numa regressão rápida me contou da noite que viu o pai nu no quarto enquanto via revistas de moda com a “grande tonta”. Nessa lembrança, uma das únicas infantis significativas até agora, “O CARA” retorna de uma corrida pelo parque, despiu-se de frente para ela, sorri para a esposa e filha e dirige-se ao banheiro da suite. A pequena D2, de dez anos… sai da cama e vai conversar com o pai enquanto ele toma banho e como me contou, queria olhar para ele, pois “tudo nele era bonito!”. Nesse momento, fixo-me a uma passagem de Freud... Cito aqui no texto:
O complexo de castração da menina é […] iniciado a partir da visão dos genitais do outro sexo . Elas logo notam a diferença e, precisamos admitir, seu significado. Elas sentem-se seriamente injustiçadas, com frequência declaram que querem “ter algo assim também” e se tornam vítimas da “inveja do pênis”, o que deixará marcas inextirpáveis no seu desenvolvimento e na formação de seus caracteres.
Meu caro Freud, óbviamente, a inveja do pênis vai além da passagem acima. Acho mesmo que D2 ficou curiosa e foi verificar como era mesmo “O CARA” fisicamente numa família com alta voltagem erótica nos relacionamentos privados. E o interessante foi a forma que ideia brotou na sessão que diz muito mais do que a vinheta freudiana. Fato é, a mãe parece-me que desempenhava um papel fraco e frágil enquanto o pai operava de forma exibicionista e sexual com a filha e esse acontecimento me remete às questões edípicas e fálicas muito mais importantes na castração de D2. “O CARA” quando perdia a paciência, era extremamente agressivo com os a família, mas especificamente com D2, era mais resiliente, amável e tolerante. Ela era a eleita…
Retornamos em segundos para 2001 e ela adicionou — “Eu fazia de tudo para tentar seduzir Kazão, andando só de calcinha pelos cômodos do loft, tomando banho de porta aberta” mas… “não adiantava… ele não dava a mínima, e quando mencionei que tinha saudades de chupá-lo… ele riu! Poxa que cara dispensaria um oral ‘de euzinha’?”. Fisicamente, D2 afirmou que Kazão estava muito parecido com “O CARA”. E como já me contou mais de uma vez nas sessões, “se eu pudesse casava com meu pai que é homem de verdade, não com esse bando de frouxos do Tinder!”. Kazão estava bem distante, ainda gentil, e focado no trabalho das 5 da manhã até as 15 ou 16 horas por conta de fuso horário de clientes asiáticos em sua carteira na corretora que trabalhava. Eles se encontravam cada vez menos no apartamento. Nos fins-de-semana, ela geralmente ficava sozinha nesse primeiro momento na Parson’s. Fez amigos facilmente no primeiro mês do curso — “alguns que conversa até hoje pelo Facebook” — ressaltou. Já conhecia a cidade de outras idas e vindas, se movimentava muito bem pelos metrôs e bairros. Compulsivamente começou a comprar muitos sapatos, bolsas e novas roupas de marca. “Fui entulhando o quarto e a sala de sacolas e caixas, só embalagens bonitas, uma pena jogar fora” — me contou. Obviamente sabemos que compulsões estão atreladas a crises existenciais. Algo escapou, algo não foi simbolizado nessa compulsão por comprar. Ela estava obcecada pelo objeto de gozo Kazão. Diante desse amor que nunca existiu, ocorre um deslocamento. E como aparelho psíquico nos pregas peças no reino da subjetividade! O curioso é que não foi deslocado para um objeto oral primário de satisfação mas sim para um objeto fálico de poder, as roupas de marca! Na última semana de agosto “O CARA” recebeu uma fatura de um cartão de crédito em São Paulo. O pai ligounpara D2 e avisou para ela “maneirar nas compras” o que a irritou muito. Kazão chegou na tarde de 10 de setembro também irritado com algum problema da corretora e teve uma discussão com D2 para ela se livrar das sacolas e embalagens que entulhavam o loft. D2 contou que a discussão foi longa e disse-me que — “berrei muito com ele, xinguei a colombiana de vagabunda e disse que eu queria mesmo é estar com ele, por este motivo tinha topado morar lá mas estava na hora de eu alugar outro canto bacana só pra mim então ‘O CARA’ resolveria isso facinho!”. Penso nesse momento, o quanto me parece difícil para D2 aceitar o luto do objeto amoroso perdido, elaborar que ela não fazia parte da amplitude ou escopo do desejo de Kazão já há tempos. Provavelmente nunca fez! Foi interesse sexual dele enquanto garota… mas vida que segue! Sinto que Kazão abusava sexualmente de D2 por outras vinhetas contadas de menor importância, mas sempre pareceu-me que D2 despertou como mulher desejante e desejada na órbita das práticas perversas sexuais desse moço… claro, com sua permissividade e escolha. Ceder não é consentir… mas ela era mestra em consentimento e permissividade com Kazão… Um jogo sádico de um rapaz de 25 anos brincando com uma garota de 13, não sem a aprovação e novamente… consentimento.
Dia 11 de setembro pela manhã, D2 acorda cedo ouvindo sirenes, muito falatório alto na rua onde estava hospedada. Ouviu passos apressados nas escadarias do edifício. Ela abriu a porta, ainda de moleton (disse que estava estilosa, com um camiseta rasgada — “e que delícia essa preocupação neurótica com detalhes, pensava eu”). As pessoas na escada estavam subindo para uma cobertura onde algo terrível estava acontecendo. Ela nada entendeu dos comentários nas escadas! Ela acompanhou as pessoas. Assim que chegou ao topo do prédio, ficou estarrecida. As duas torres do Word Trade Center estavam envolvidas por negra fumaça. “Só pensei numa coisa, Kazão estava lá, numa da torres!”. D2 lembra-se que desceu para o loft, pegou o telefone fixo e começou a ligar incessantemente para o celular de Kazão. Ele não atendeu. Entre as ligações, entrou uma ligação de “O CARA”. Ele avisava o que D2 acabava de perceber… as torres do World Trade Center estavam em chamas. Ela se lembra que ligou a televisão, para entender melhor o que estava acontecendo enquanto conversava com “O CARA”. Ele ainda disse-lhe que dois aviões haviam batido nas torres. Ela reportou-me que estava numa espécie de transe, parecia sonho… “não era real, era tragédia de cinema!”. Assistindo à CNN, presenciou o momento em que a primeira torre a cair abriu-se como uma banana. Segundos depois sentiu o prédio em que estava tremer pois residia próxima ao já nomeado ‘Ground Zero’. Na sequência, gritos e sirenes aumentaram. Uma poeira grossa e espessa envolveu as ruas pouco tempo depois, entrou pelas janelas abertas e por um vitrô basculante que ela não conseguiu fechar. Contou de um segundo tremor, nova onda de choque e na sequência mais fumaça, poeira mais espessa — “cara… era uma nuvem grossa parecida com uma explosão de vulcão de um filme que vi uma vez, ‘O Inferno de Dante’… vc viu?”. Respondo que sim.
Aliás quem de nossa idade não assistiu ao cataclismático 11 de setembro? Com caretas e olhos semi-cerrados, lembra-se que sentia um cheiro de cimento molhado, escapamento de carro e de açúcar queimado — “tudo junto e misturado”. Ficou sem luz, sem telefone… durante algumas horas, trancada no apartamento. “Nunca me senti tão sozinha…” contou-me… “Parecia o fim-do-mundo”. E termina o relato — “E aquela poeira na minha garganta… achei que iria morrer sem ar! Fiquei semanas com tosse e pigarro… tomava água, leite… aquele gosto de sangue, metálico, ruim”. “Quando fico nervosa… tusso… fico sem ar... tem algo a ver? Diga que tem? É isso né?
Esse sintoma, na garganta, retira o eu de D2 de uma situação de perigo eminente como uma suplência no eu ‘colada’ à insatisfação pulsional! Que defesa angustiante! É uma metáfora como alarme de que algo não vai bem. Claro que já sugeri a ida ao um “gastroenterologista” para verificar se por um acaso cogitou refluxo afinal não poderia deixar de pensar no sintoma histérico na carne versus algum problema fisiológico mesmo cogitando a perda da paciente.
Nesse momento não posso deixar de associar minha analisanda à uma versão contemporânea de Antígona. Ela relatou o terror do sepultamento pelos escombros das torres, a possibildade de uma Terceira Guerra, a poeira grudada na garganta, os diversos cheiros na cidade, a caminhada para Nova Jersey com uma mochila gigante e pesada, as instruções do pai para abandonar a cidade com pouca bagagem com destino a Miami onde ficaria em seguraça na casa de amigos. E foi exatamente assim que D2 deu fim ao sonho da Parson’s, ao início de mais um luto de Kazão (evaporado entre mais de 500 funcionários da Cantor Fitzgerald), a uma viagem solitária de ônibus até Miami que levou cinco dias, ao entendimento que presenciou “in loco e ao vivo” o maior atentado da história do planeta e a entrada oficial da humanidade no século XXI e também da surpresa de ter sobrevivido. Lembrou-se que retornou ao Brasil dia 3 de outubro após reabertura do espaço aéreo norte-americano… mas voltou de “classe executiva”. Claro, não poderia ter diso diferente, pensei… Detalhe, 3 de outubro, aniversário de Kazão! E foi nesse momento que uma frase que nunca tinha aparecido surgiu… “tudo que eu quero dá errado… Tudo…”. Lembrei-a sobre a outra frase — “mas teve uma vez que você me disse que ‘conseguia tudo que queria e se não conseguia… não queria mais’ lembra-se? Me explique melhor então?”
Anorexia nervosa
Ao chegar em São Paulo, os pais estavam terminando a reforma da casa atual da Granja Vianna. Ainda moravam nos Jardins. Óbviamente, as pessoas que passaram pelo evento 11 de setembro são assombradas pelo espectro do “eu estive lá e sobrevivi” e muito já conversamos sobre isso. Culpa por ter sobrevivido, remorso por ter “quebrado o pau” com Kazão na noite anterior, pedidos de desculpas que nunca ocorreram, morte inesperada, luto de uma pessoa e objetos perdidos mal-elaborados, elementos reais e fantásmicos sumiam e ressurgiam com frequência nas sessões. Às vezes sintia-me no século XIX, quando “pegava” na transferência a tal belle indifference onde D2 minimizava a gravidade de uma situação ou “tirava barato” de um acting-out histérico marcante que a aprisionava numa situação edípica mal-estabelecida, ou mesmo momentos puramente histriônicos onde claramente acontecia uma ou outra fausse reconnaissance onde D2 contava detalhes vivos de coisas que aconteceram e depois se corrige dizendo “nossa… peraê… não foi nada assim que ocorreu… deixa quieto!”. Sonhos com familiares foram comuns, mas D2 não se aprofundou em material onírico significativo. Na época, recebeu visitas, contou a história inúmeras vezes, participou de cerimônia “de enterro sem corpo” em homenagem a Kazão, deu entrevistas para revistas e até gravou depoimento para um Globo Repórter. Ela dá graças a Deus pelo depoimento não ter ido ao ar! É exatamente numa das sessões de agosto que me relatou total falta de vontade de se alimentar no final de 2001. De acordo com ela, naquela época “um suco já estava bom…”. Relatou ter perdido quase 15 quilos em 60 dias. No final de dezembro, também conta sobre tentativa de suicído com data de 21 de dezembro, aniversário de “O CARA” — “juro que não escolhi a data...”! (Ato falho assustador, não é mesmo D2?). Ela amarrou um lençol torcido como uma corda no ventilador de teto e ao tentar o enforcamento, o ventilador despencou sobre ela deixando-a com uma cicatriz grande na testa que ela afirma ainda existir. Caro leitor, essa cicatriz era imperceptivel! O barulho do ventilador tombado fez os pais entrarem no quarto junto com irmão de D2. Irmão que “nunca havia aparecido em nenhuma sessão”! Ela faz um pausa para explicar que o irmão mais velho é o “protegido da mamãe” até hoje. Diante da perda de peso gritante e costelas saltadas aparentes, os pais a levam para uma psicóloga amiga de família que solicitou encaminhamento para um psiquiatra. D2 entra em 2002 tomando remédios que sabe os nomes até hoje: Ciproeptadina, que a deixava sonolenta e irritada, com a boca seca e com muitas tremedeiras. Associada a esse fármaco, tomava Amitriptilina (um antidepressivo) que a deixava “confusa” e sonhando muito. Chegou a tomar Primozida por um tempo (mas quando leu a bula e viu que era uma droga antipsicótica achou que “tudo estava indo longe demais”). Estes psicofármacos foram consumidos por alguns meses e ela teve uma boa evolução retornando ao peso ideial e sentindo-se “mais inteira”. Frau K não saia de perto dela e a mãe, presa a trabalhos (ela é arquiteta) esteve ausente na recuperação de D2. Pesquisei a potencialidade destes fármacos em profundidae e a Primozida, é o único que me fazia duvidar da eficácia no tratamento de AN por ser destinado a pacientes psicóticos. Num dos artigos médicos, encontrei a indicação da Primozida à “manutenção de instabilidade emocional neurótica”, bingo! Não precisei perguntar o motivo da falta de apetite. Ela livremente me contou que onde ia, sentia cheiro de algo queimado, que já lhe provocava “ânsia de vômito”. Lembrou-se que caminho de Nova Iorque para Miami, chegou a vomitar muitas vezes o que comia — ou por sentir peso no estômago, ou porque sentia o sabor da nuvem de fumaça na garganta. Algumas vezes vomitou sem provocar, outras induziu o vômito com o cabo da escova-de-dentes. No Brasil percebeu que líquidos entravam “goela abaixo” e sumiam rapidamente no estômago. Alimentos sólidos não. “Qualquer situação angustiante, do nada, começava a fechar minha garganta. Era um berro que se escondia na boca do estômago. Sentia que o chão sumiria! Essas coisas… tudo junto e misturado…”, disse-me em tom choroso, manhosa, pela primeira vez, quase regredindo à uma infância ainda misteriosa. E quando ela passava mal, pensava imediatamente em Kazão.
Apesar da benéfica “cura” da anorexia — disse que sua vida retomou rumo normal em outubro de 2002. D2 não retornou para Nova Iorque. Relatou numa sessão uma assustadora escala de vôo em 2008, e que pagou uma diferença em Libras para não aterrissar na cidade e trocar de companhia aérea — “voei quase 12 horas a mais…”, relata ela. Sobre o suicídio, pouco falou e não voltamos a esse assunto. Apenas mencionou que a ideia veio de um filme que havia visto naquele “dezembro negro”, onde D2 não conseguia se descolar da imagem de Kazão e as saudades do primo estavam “devorando-lhe as entrahas e chegava a doer”. Uma frase nos marca numa sessão: “ele parou de existir… nem corpo foi achado. Eu e os Ks choramos por meses, só tinhamos o Kazão. Ainda acho que um dia ele aparece por aqui…”.
Herr K e Frau K voltaram para Nova Iorque muitas vezes. Arrumaram o apartamento e doaram todas as roupas e compras de D2 e claro, as roupas de Kazão e demais objetos. O apartamento do SOHO foi ampliado. Os K compraram o segundo apartamento dos fundos e fizeram de acordo com D2 — “alguma loucura de arquitetura para impressionar a tropa de choque da elite de Nova Iorque, só vi fotos… ficou show, mas irreconhecível”. A amizade entre as famílias ainda existe, tão forte quanto antes. Às vezes as sessões se concentravam em escolhas, planos para o futuro… era como se o setting e nossa relação terapêutica estivesse se modificando. Passou por duas outras empresas antes do emprego com Frau e Herr K mas foi demitida por reclamações de funcionários, geralmente conflitos entre “lixionários”, que é como ela se referia aos que hierárquicamente estavam abaixo de Frau K. Um pequeno ato falho… pois ela também está abaixo de Frau K. Brinquei com o ato falho, e isso rendeu uma sessão de justificativas e desculpas do lugar que ela ocupa na cabeça da grande musa inspiradora. Frau K teve “a mais profunda compaixão e me contratou para substituí-la um dia destes… mas acho que em breve serei demitida… mas talvez ela não deixe, ela me adora, sou tipo filha” comentou ela. Depois desse evento de 11/09/2001, dessa volta pelo trauma fundador ou condensador de um sintoma localizado na garganta que persistiu como uma solução de compromisso, retornamos ao assunto trabalho, que foi silenciado pela necessidade de se ratificar a experiência da catástrofe, a RE-vivência de cenas que D2 não contava mais para estranhos. De acordo com ela pela primeira vez sentiu-se — “à vontade para falar de tanta asneira sem vergonha”. E complementou — “e eu que queria psicanalista mulher, acho que queria que chorassem comigo!”. Foi um momento no qual senti que apenas escutar e ser instrumento da paz de um sujeito na psicanálise me legitima no meu percurso de praticante. Percebia que existia uma movimentação de D2 para uma re-integração do self. Talvez ela na análise estivesse aprendendo a elaborar lutos patológicos do seu modo singular, com um sofrimento tardio próprio. Afinal, não é esse sofrer um ato de coragem diário de cada um de nós? Algo ainda me intrigava. Esse sintoma na garganta… e tanto tempo para finalmente procurar ajuda psicanalítica, talvez essa gulodice deste supereu sádico tenha abusado muito tempo do ego masoquista não é verdade? Ou talvez também tenha retornado diante desse romance que D2 investe com adulação constante à Frau K. Tantas inferências… Mas D2 me surpreende dizendo que dormia melhor, sem remédios que tomava às vezes (Diazepam) e que “não é mais todo domingo que a garganta fecha…” E claro, na história do sintoma de D2, o retorno do recalcado foi seu ganho primário e ser cuidada por Frau K e por mim na análise, ganhos secundários.
Retorno ao mundo corporativo
As últimas sessões pré-Covid foram “tudo junto e misturado” como D2 adorava frisar. Kazão aparecia como um fantasma raramente. Mas ainda estava lá! Estranhamente, D2 colocava-se numa posição de vítima, de jovem garota perseguida pela equipe de homens que gerenciava. Pensei numa possibilidade de reconciliação com os rapazes da empresa questionando, “Dora 2.0, já pensou em qual é a sua participação na confusão que você se encontra profissionalmente?”. Ela balançou os ombros e abandonou a sessão bruscamente batendo a porta. Mal se despediu, mesmo sendo um finalzinho de uma sessão… Dessa vez a vi irritada! Na verdade, quando encarnei Freud, plagiando a pergunta fundamental à sua Dora, fiz uma leve provocação. Obtive a resposta típica de um acting-out de uma “histérica raiz” e não de uma “histérica Nutella” como nas brincadeiras das redes sociais na época. No fundo, buscava em Dora 2.0 um reconhecimento como psicanalista de que ela como histérica é “alguém que passa pela vida tentando fingir quem realmente é”.
Recebi na noite dessa sessão uma mensagem no whatsapp com pedido de desculpas com o texto — “eu aprendi a não me desculpar na vida, minha mãe pede desculpas até quando atrasa o salário dos empregados aqui em casa… sou mais parecida com Frau K, que poderia ter sido minha mãe… mas desculpa ‘aê’… estou de tpm e nem deveria ter ido hoje na sessão, ‘tô’ colada nas nossas conversas e fico ansiosa pra te ver… li por aí que o inferno são os outros, no meu caso, o pessoal da firma…”. Será que o inferno são os outros mesmo D2?
“O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa. Sem ninguém no presente nem no futuro, o indíviduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e perece como um atributo indiferenciado do planeta. Perece como uma coisa qualquer.” Valter Hugo Mãe em O Paraíso são os outros.
Atualmente… não temos realizado sessões. Não digo que dei alta para D2. Ela apenas sentiu-se melhor e desde o início da quarentena a garganta virou esquecimento. Apesar de ter tentado recomeçar online comigo, não se adaptou… fuso horário, trabalho para os Ks fora do país… enfim, disse que prefere sessões presenciais e que gostaria que continuassem ocorrendo comigo.
Em breve retorna ao Brasil e às sessões. Quem sabe? Ela não foi demitida e diz estar mais tolerante…
Um caso muito interessante. Obrigada por nos apresentar D2.